quinta-feira, 5 de junho de 2008

TENTÁCULO

EUROPAN 7 . AZURARA - VILA DO CONDE

1.º classificado
joel moniz . mário duarte. alexandre branco . claúdio vilarinho


O local onde se insere a área de intervenção, próximo da cidade de Vila do Conde, da praia, do rio, e servido por vias de comunicação importantes - de ligação entre os principais centros urbanos da orla costeira - aparece-nos como uma zona incaracterística, hesitante entre o rural e o urbano, onde as construções variam entre as moradias em banda com alguma densidade, loteamentos de moradias isoladas, e as mais recentes (o prédio e a torre) onde a única estratégia parece ser determinada pelas vias de comunicação – que acaba por definir a rua como espaço público predominante.
A situação encontrada na área de intervenção - delimitado por vias de comunicação importantes, caminho de ferro/metro e estrada N, neste caso - é uma situação corrente na zona envolvente da cidade - que também parece ter crescido entre dois pólos dinamizadores, a praia e a estrada N.
O território parece assim ser balizado por faixas paralelas – sucessivamente, a praia, a estrada N, a linha de metro / caminho de ferro e a IC1.

Face a esta situação, a proposta agora apresentada procura avançar com uma estratégia não só para o local em questão (polarizada entre vias de comunicação importantes) mas que se possam aplicar noutras zonas em situação semelhante (entre a praia e a N, entre a linha de metro e a IC1, por exemplo).
Propõem-se um conjunto de regras apresentadas como layers de informação diversa – vias, espaço público, edificado, espaços intersticiais,... – cujo conteúdo procura controlar a especificidade inerente a cada tema e que no final, a sobreposição dos layers resulte numa proposta coerente.
O sistema ou conjunto de regras pretende controlar a imagem de uma parcela de território altamente especulativo, pela proximidade da praia, condições privilegiadas de acessibilidades (mais ainda pelo advento do metro), mas mantendo uma grande dose de flexibilidade e adaptabilidade de forma a que possa ser implementado em várias realidades e que possa aguentar as hesitações e retrocessos inerentes a um processo deste tipo.

O “esqueleto” da proposta passa pela definição de um grande espaço verde de caracter multifuncional, pontuado por alguns equipamentos, ligando as estações e enquadrando a linha de metro, e seu prolongamento na forma de “braços” de ligação à rede viária existente.
Estes dois elementos determinam a configuração do espaço público e consequentemente disciplinam a estrutura edificada que o acompanha,
estabelecendo simultaneamente as relações com a envolvente próxima e entre os vários pontos no interior da zona de intervenção.

Espaço público
O espaço público surge como uma sucessão de largos ao longo das ruas, criando um perfil de via variado e ritmado. Estes “nichos” onde se concentra a construção, não só enquadram como criam o desafogo necessário para a implantação de edifícios com alguma altura. São assim elementos constituintes do espaço público de relação próxima com o edificado.
Este espaço público fragmentado funciona num percurso de continuidade entre as vias existentes e o interior da proposta, como anunciador da grande praça que se localiza no final da rua. A praça, espaço verde de utilização diversa pontuado por alguns equipamentos (que varia entre o parque, o jardim, o espaço desportivo,...) pretende ser essencialmente espaço de atravessamento pedonal da parcela e de ligação entre os vários pontos da intervenção, dinamizado pelas estações e linha de metro.

Estrutura edificada
Os edifícios propostos variam entre o edifício afirmativo com alguma altura, que surge como prolongamento em altura dos largos, e os mais inseridos no terreno – comércio e equipamentos – que vão pontuando e dinamizando as ruas, largos e praça.
A habitação surge como o elemento mais versátil da estrutura edificada – e a forma assume-o – uma vez que procura responder a uma maior abrangência programática e resulta da associação de módulos. Sucede a um volume de caracter mais constante e estático que no fundo controla a imagem deste conjunto para a rua e devolve o interior das parcelas para usufruto dos moradores. Nestes volumes sobranceiros aos largos localizam-se os escritórios, estacionamento e os acessos à habitação,

Espaços intersticiais
Os espaços intra-muros sobrantes – entre as ruas e os edifícios – são espaços de caracter privado e semi-privado, de apoio aos edifícios e que podem assumir várias funções – pátio no caso do comércio, recreio e jardim nos equipamentos escolares; jardim, quintal, pátio no caso da habitação;.... No fundo a imagem deste espaço resultará numa “manta de retalhos”, de acordo com a apropriação por parte dos moradores e utentes e naturalmente sujeito a uma constante mutação.
São propostos também nestes espaços, atravessamentos pedonais entre os “braços” de forma a permitir uma grande mobilidade dentro de toda a área de intervenção.

Estacionamento
São previstas zonas de estacionamento à superfície mais ligadas às estações/ equipamentos e ao espaço verde e zonas de estacionamento em altura – silos – mais próximas da habitação e escritórios.
A mobilidade referida é um ponto importante e fundamental para garantir o bom funcionamento dos silos no apoio à estrutura edificada – principalmente no caso da habitação.

Habitação
A habitação proposta, como já referido, procura resolver a indefinição/ abrangência de programa encontrada - que passa por questões como a residência permanente ou sazonal, a transição entre o rural e o urbano e a dificuldade em estabelecer um morador-tipo para uma zona destas características.
A resposta apresentada passa por uma habitação flexível e adaptável que possa não só responder a estas questões mas também assumir formas que possam tirar partido do terreno e estabelecer vários tipos de relações com os edifícios vizinhos e o território próximo.
Para o efeito foi pensado um sistema modular de associação versátil, que possa garantir a constituição de uma variedade infinita de moradias-tipo.
O módulo idealizado, coma as medidas 6 mt x 6 mt, é constituído essencialmente por 3 elementos – uma área funcional, um elemento complementar de apoio que corresponde ao móvel de cozinha, ao armário/ espaço de arrumos, aos sanitários e ao conjunto escadas + sanitários; e as aberturas definidoras das relações visuais e funcionais com o exterior.
Da conjugação destes três elementos resultam módulos que assumem várias funções – estar, dormir, comer, trabalhar, pátio,... – e que conjugados determinam a configuração da habitação.
O resultado é um edifício que assume este pressuposto conceptual e aparenta uma estrutura de elementos paralelepipédicos enquadrados por um elemento de forma mais estabilizada, onde se localizam os acessos às moradias e variavelmente escritórios e estacionamento.

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